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Carlos Veiga: “Vitória do MpD é uma mensagem de insatisfação para com o PAICV”

Cabo Verde autárquicas 2012

Carlos Veiga: “Vitória do MpD é uma mensagem de insatisfação para com o PAICV

A vitória do MpD “é um recado claro do descontentamento da população em relação ao PAICV, seu governo e seu líder José Maria Neves”. É esta a análise que Carlos Veiga faz dos resultados destas eleições autárquicas, que dão ao seu partido a gestão de 12 municípios – Santa Catarina continua em stand by – e ainda o do Sal, onde apoia o GIMCS. Na sua primeira reaçcão aos resultados eleitorais, o presidente ventoinha considerou que o MpD saiu mais reforçado, não poupou elogios aos candidatos vencedores, lançou duras críticas ao governo e garantiu que tem feito tudo para combater a fraude eleitoral.

Carlos Veiga: “Vitória do MpD é uma mensagem de insatisfação para com o PAICV”

Carlos Veiga era um homem feliz quando falava para a imprensa. Enumerou um a um os municípios ganhos, as Câmaras “roubadas” ao PAICV, mas lamentou, e muito, a perda de uma das maiores praças políticas do país, o Porto Novo.

O presidente ventoinha começou por elogiar o desempenho de cada candidatura, a organização da campanha a nível nacional, e dirigiu um especial parabéns a Ulisses Correia e Silva pela sua maioria absoluta na Praia. “O MpD reforçou a sua posição de maior partido autárquico do país”, afirmou com orgulho, acreditando que o seu candidato ganhou em Santa Catarina. “Aumentamos de 11 para 13 o número de municípios geridos por equipas do MpD e, com o nosso apoio, mantivemos o município do Sal nas mãos dos nossos amigos do GIMCS”, sublinhou.

Carlos Veiga explicou que esta conquista autárquica “não é uma vitória pessoal do presidente do partido”, mas de todos aqueles que estiveram engajados na campanha. “Quero dizer para todos, incluindo aqueles que não venceram, que tiro-lhes o chapéu pelo desempenho que tiveram, pela disponibilidade, pela capacidade política demonstrada e que esta é uma vitória dos candidatos e do MpD”, afirmou.

Razão para dizer que o “MpD está ainda mais forte, unido e preparado para quaisquer embates e que a sua organização vai se adaptando e melhorando com o tempo”. Resta agora, realçou Veiga, trabalhar mais nos próximos três anos, afinar o partido, comunicar mais com a sociedade e reforçar o sentimento de pertença å organização. “Os resultados obtidos nestas autárquicas e nas presidenciais, e também os indícios que tivemos nas legislativas, são sinais que aprendemos com os nossos erros, reforçamos os nossos pontos fortes”, avaliou.

Derrota do PAICV

Esta vitória é ainda para o presidente do MpD “uma mensagem clara de descontentamento do povo cabo-verdiano ao governo e ao seu líder José Maria Neves”. Para Carlos Veiga, a derrota do partido Estrela Negra é consequência “das promessas não cumpridas, da política de ilusão que é vendida e que não se traduz na realidade e satisfação das necessidades das pessoas”.

O líder ventoinha falou ainda em demagogia, irresponsabilidade, nepotismo, conflitos de interesse, partidarização da Administração Pública, das empresas participadas do Estado e das associações. Enumerou como principais falhas do governo o desemprego, a falta de rendimentos, habitações degradadas, exclusão escolar e acesso à saúde, política energética e de abastecimento de água.

E recomendou: “esta mensagem das autárquicas, junta às manifestações de1 de Junho e aos sinais de descontentamento, deveria levar o governo a rever a sua política. Se a política estiver errada, vai conduzir-nos ao abismo e vai conduzir a um descontentamento cada vez maior. Não faz crescer a economia, não faz aumentar o emprego e não resolve a generalidade dos problemas fundamentais que nós temos”.

Santa Catarina e fraude eleitoral

Abordado sobre a situação de Santa Catarina, Veiga não tem duvida: “As informações que fomos recolhendo nunca deram a derrota do MpD. Estranhamos os resultados que apareciam no site da DGAPE. Davam a nós uma vitória tangencial, é verdade, relativamente ao nosso adversário”.

O presidente do partido ventoínha pegou nesta deixa para abordar o assunto fraude eleitoral e compra de votos. “Nós estamos preparados. Sabemos que agora no novo apuramento vai haver todo o tipo de manobras, mas vamos estar lá bem representados para vermos a realidade. Porque o que importa é a realidade, os votos estão aí, se foram protestados ou não, se foram declarados nulos ou não é nessa base que se vai encontrar o resultado final”.

Fazendo uma espécie de retrospectiva, Carlos Veiga voltou a falar da velha história da fraude eleitoral de 2001. “Nesta altura havia fraude evidente. Simplesmente não se quis tomar isso em consideração. Mesmo o Tribunal, que seis meses depois condenou à prisão efectiva os autores da fraude, não quis tomar isso em consideração para determinados resultados. Parecia-me incoerente, depois a realidade confirmou que era assim”, declarou

Para acrescentar que tem estado “a lutar desde essa altura contra tal prática, essa cultura que se instalou em Cabo Verde de compra de votos. Pactuamos com esta situação, fomos cúmplices com esta prática. Estou å vontade para falar disso, porque tenho combatido. Sou contra”, assegurou, para criticar aquilo que chamou de governamentalização” das listas eleitorais, tomando como exemplo representantes do governo que se candidataram, sem se desvincular dos cargos.

A Semana

PR de Angola enviou mensagem a homólogo de Cabo Verde a pedir apoio na busca de soluções

PR de Angola enviou mensagem a homólogo de Cabo Verde a pedir apoio na busca de soluções

 

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O presidente de Angola José Eduardo dos Santos

Cidade da Praia, 17 abr (Lusa) – O presidente angolano enviou hoje uma mensagem ao seu homólogo cabo-verdiano a pedir o apoio de Cabo Verde na busca de uma solução “que acautele os interesses superiores dos guineenses” e resolva o problema militar na Guiné-Bissau.

A revelação da mensagem foi feita pelo próprio Presidente de Cabo Verde, Jorge Carlos Fonseca, que falava aos jornalistas antes de receber o primeiro-ministro cabo-verdiano, José Maria Neves, para, inicialmente, dar conta da satisfação pela eleição de Taur Matan Ruak como chefe de Estado de Timor-Leste.

“Recebi há pouco uma mensagem pessoal do presidente angolano (José Eduardo dos Santos) sobre a Guiné-Bissau e que irá merecer toda a nossa atenção. É uma mensagem que procura uma solução que seja durável e que acautele os interesses superiores dos guineenses”, afirmou.

“(A mensagem procura também) preservar o processo de democracia, que passa pela resolução do problema militar na Guiné-Bissau e cuja solução, ao que parece, é quase consensual, não será encontrada se também não se encontrar uma saída para o problema dos militares, que têm de se subordinar ao poder político legitimado pelo voto popular”, acrescentou.

Jorge Carlos Fonseca nada mais disse sobre a mensagem de Eduardo dos Santos.

Sobre a situação no terreno, e sublinhando que as informações de que dispõe não são muito diferentes das veiculadas pela imprensa, o Presidente cabo-verdiano disse persistir o “impasse”, justificando com a ideia de que ainda não há a reposição da ordem constitucional que foi posta em causa pelo golpe militar.

“A situação continua num impasse. Pensa-se na criação de uma força de interposição ou de manutenção de paz, em que estejam envolvidas várias instâncias internacionais, como as Nações Unidas, Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) e Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO), para que se possa ter uma intervenção desejável e eficaz na Guiné-Bissau”, referiu.

“Interessa que haja uma posição firme, decidida e realista da comunidade internacional, qualquer que seja a modelação concreta dessa força”, disse, aludindo à criação de uma força envolvendo as Nações Unidas e a CPLP e a CEDEAO.

Questionado sobre o fracasso da mediação do seu homólogo da Guiné-Conacri, Lansana Conté, recusado pelo Comando Militar golpista, e sobre o pedido nesse mesmo sentido feito ao presidente cessante de Timor-Leste, José Ramos-Horta, o chefe de Estado cabo-verdiano recusou entrar em polémicas.

“O que interessa em qualquer processo de mediação é que o mediador tenha as condições para poder trabalhar com todas as partes envolvidas e que seja uma figura aceite por todos, facilitando-lhe assim o trabalho”, respondeu, assumindo, porém, que o eventual apoio de Lansana Conte “não deu os frutos esperados”.

“O importante é encontrar uma solução que vá ao encontro do interesse dos guineenses e que seja capaz de patrocinar uma solução que garanta estabilidade política e institucional e condições para que, finalmente, a Guiné-Bissau possa trilhar os caminhos do desenvolvimento e de bem-estar para os guineenses”, concluiu.

JSD.

Lusa