Luanda – A secretária geral do Conselho de Igrejas Cristãs em Angola (CICA), Deolinda Dorcas Teca, destacou nesta terça-feira, em Luanda, os feitos que a instituição alcançou no presente ano, nomeadamente, no combate à violência doméstica.
Eis o texto integral da entrevista:
Angop – 2013 foi basicamente o seu primeiro ano de mandato, qual é a avaliação que pode fazer?
Deolinda Teca (DT) – Damos graças a Deus porque isso representa a maturidade das igrejas em relação aos aspectos do género, por outro lado, no presente ano, a instituição correspondeu com as igrejas membros e irmãs, estamos a viver um ambiente favorável, é positivo a maneira como as igrejas têm correspondido às questões internas e estruturais do CICA. À margem disso, participamos em encontros onde a igreja apresentou o seu parecer, soubemos dar continuidade as relações já existentes com instituições governamentais e da sociedade civil.
Angop – A esta altura quantas igrejas estão filiadas ao CICA?
DT – O CICA tem filiadas 19 igrejas e duas associações. As igrejas filiadas são aquelas que pediram filiação ao CICA e em termos de referência correspondem ao estatuto do CICA. Já as igrejas irmãs, como Tocoista, Teosófica e Bom Deus, não são membros porque ainda não apresentaram a sua filiação.
Angop – No que toca ao resgate de valores morais e a mudança de mentalidade, como é que foi a vossa parceria com o Estado em 2013?
DT – Participamos em vários encontros ligados ao resgate de valores morais e cívicos, participamos em alguns certames ligados à educação de adultos, alfabetização, direitos humanos, encontros com a Comissão Nacional para o Desarmamento da População Civil e outras actividades de relevância.
Angop – No presente ano, qual foi o ponto mais alto das vossas acções?
DT – Em 2013, as nossas forças estiveram mais voltadas em dois grandes programas: O primeiro, relativo a violência doméstica e o segundo foi a Boa Governação e Monitoria Social. No programa de Boa Governação e Monitoria Social, o CICA apresentou um relatório de base que veio das comunidades com avaliação participativa. Neste programa, fomos em algumas aldeias onde tomamos conhecimento das principais necessidades das populações. O referido relatório posteriormente foi partilhado com membros do Governo, da sociedade civil e de outras instituições nacionais e internacionais.
Angop – No que é que se cinge o programa de Boa Governação e Monitoria Social?
DT – Este trabalho é feito com as comunidades de base através de uma área específica no CICA, denominada de Departamento de Assistência Social e Desenvolvimento. Esta secção, em cooperação com as administrações locais, vai às comunidades e procura saber as necessidades básicas da população. Neste momento, quatro províncias estão a beneficiar do programa de Boa Governação e Monitoria Social, designadamente Benguela, Kwanza Sul, Uíge e Zaire.
Angop – Com o programa de Boa Governação e Monitoria Social quais são os principais problemas que vocês encontraram no seio dessas comunidades?
DT – Fizemos um trabalho de avaliação participativa, no qual, as mulheres apontaram para a necessidade de água, hospitais e escolas. Há aldeias em que as populações percorrem longas distâncias em busca de água e de serviços hospitalares. Os jovens também expuseram as suas preocupações tendo apelado para a necessidade de zonas de lazer ou recreação. Basicamente fizemos um trabalho de advocacia junto das comunidades e do Governo local.
Angop – Previsões para 2014?
DT – Em 2014 o CICA pretende continuar a trabalhar no programa contra a violência do género, edificação da democracia e da cultura da paz. Mesmo a nível das famílias vivem-se conflitos que precisam de resolução pacífica.
Angop – Que outross desenvolvimentos foram alcançados em 2013?
DT – Discussão aberta sobre violência doméstica, sobretudo com as mulheres. Neste sentido houve sempre a necessidade da criação de um centro de aconselhamento, e este ano conseguimos, apenas aguardamos a sua inauguração. O centro tem uma capacidade de atender 20 pessoas diariamente, um trabalho que será feito por um um psicólogo, um jurista, um pastor, um enfermeiro e um massagista. A questão da violência contra a mulher, para além de ser um aspecto psíquico muitas vezes passa também por um aspecto físico.
Angop – Quanto ao Islamismo… o que se lhe oferece dizer?
DT – Quanto ao Islamismo há uma grande preocupação das igrejas cristãs, conhecendo a sua natureza, é importante que as igrejas continuem a trabalhar fortemente na educação cristã.
Angop – Algumas práticas do Islamismo como a amputação genital e outras chocam com os nossos valores…
DT– Determinadas práticas do Islamismo e de outras religiões existentes em Angola chocam com os valores cristãos, e claro, precisamos de olhar também para isso relacionando um pouco com a soberania nacional…
Angop – Quer acrescentar alguma coisa que não tenha frisado no decorrer da conversa?
DT – A paz é dom de Deus e deve ser preservada, Angola pode ser uma bênção e um exemplo para o continente e para o mundo.